Ser ou não ser favorito? Psicólogos apontam ‘vilão’ de atletas brasileiros
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Os três episódios podem ter em parte uma explicação psicológica. A carência de ídolos transforma os poucos que se destacam em alvos imediatos de projeção do povo brasileiro.
– Alguns atletas não têm a preparação adequada e não conseguem equilibrar tanta pressão e tanta expectativa – diz João Ricardo Cozac, presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte.
Mas afinal, como trabalhar para que o atleta saiba enfrentar esses medos? O psicólogo de Mayra Aguiar, bronze em Londres, diz que primeiro é preciso organizar a vida do profissional ‘fora de campo’. Depois disso, passa-se a trabalhar os desafios do esporte. Segundo Marcio Geller, o cuidado que se deve ter é para a conquista não virar uma obrigação.
– Ele deve ter o desejo de ganhar. A obrigação gera cobrança, que gera estresse e leva à falha -, diz Geller, que também acompanha Felipe Kitadai, medalha de bronze.
Michael Phelps chegou às Olimpíadas tendo que provar que ainda era o fenômeno das piscinas. Para ele, não estava ali uma obrigação. Era um objetivo, um desejo traçado junto com seu técnico Bob Bowman há 15 anos, no início da carreira.
– Fiz tudo o que quis. Bob (Bowman, técnico) e eu conseguimos dar um jeito de alcançar tudo. E se você pode falar isso da sua carreira é porque é hora para outras coisas. Foi uma jornada incrível -, disse Phelps, o dono de 18 medalhas de ouro olímpicas, que anunciou sua aposentadoria do esporte após os Jogos de Londres.
Tom Himes, um dos coordenadores técnicos do North Baltimore Aquatic Club, escola em que Phelps foi formado, relatou que não há um apoio direto de psicólogos, mas os treinadores são preparados para dar esse tipo de suporte.
Segunda colocada no quadro de medalhas nos Jogos Olímpicos de 2012, a China tem um processo de formação desenvolvido pelo governo. Todos os atletas são custeados e treinados pelos órgãos oficiais. Na equipe de saltos ornamentais, há até aconselhamento para que os atletas façam meditação e ioga, de acordo com o correspondente do SporTV , Edgar Alencar.
Mas a pressão por lá em busca da glória também provoca o medo. O halterofilista Wu Jingbiao, que ganhou prata em Londres, saiu chorando da prova e declarou:
– Desonrei o meu país e o time nacional de levantamento de peso.
Nos esportes coletivos, o foco é outro: a coesão do grupo. O objetivo deve ser o mesmo para todos. Medalha de prata em Londres, a seleção brasileira de futebol não levou psicólogos na delegação. De acordo com o professor Ulf Klemt, doutor pela Universidade de Colônia, o futebol não pode ser visto como um ‘mundo à parte’. O esporte também deve receber os mesmos cuidados de outras modalidades. Na Alemanha, por exemplo, os jogadores da equipe nacional comparecem duas vezes por ano na universidade para avaliações tanto físicas quanto psicológicas.
– No Brasil, o futebol se baseia muito no talento de cada jogador -, diz Klemt, que atualmente é diretor acadêmico das Faculdades Sogipa.
Os exemplos apontam que não há uma receita olímpica para o erro zero ou a formação de um campeão. Mas a confiança e a construção de um objetivo podem ser decisivas no horizonte dos atletas. A receita deu certo para Phelps.
– Se quero muito alguma coisa, sei que a conquistarei. Sempre foi assim – repetiu o atleta americano desde suas primeiras braçadas nas piscinas.
Posted on 25 de Setembro de 2012, in Esportes, Exercícios Físicos, Saúde and tagged auto-estima, bem estar, exercicio fisico, exercicios aerobicos, exercicios aquaticos, qualidade de vida. Bookmark the permalink. Deixe um comentário.
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